quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Embobrecimento de uma Nação

Tenho sempre a impressão que tudo o que fazemos parece nos levar ao caminho do empobrecimento dessa Nação. Nossas atitudes são amparadas em justificativas econômicas, racionais(?) e puramente egoístas. Esse casal na foto ao lado estava enterrando seu cachorrinho num terreno público adotado por um mercado que deixa bem claro alí a olhos vistos o cuidado que tem com o tal terreno. Em relação ao casal, tão logo se viram fotografados e filmados vieram me hostilizar, saí ileso depois de uma boa prosa e uma explicação serena e elucidativa.
Uma coisa que tem se diceminado por esse Brasil afora e que nos deixa mais pobres é a "otimização do transporte" nos grandes centros atravéz de mototaxis, motoboys e congêneres. Realmente consome-se menos combustível, ocupa-se menos espaço e uma porção de outras vantagens porém, como tudo no Brasil é feito em remendos. Criou-se uma enormidade de regras e regulamentações que pouco favorecem a sociedade no que diz respeito a segurança do cidadão "comum", já que os moto-qualquer-coisa parecem estar acima do bem e do mal, sabedores da total falta de fiscalização de qualquer coisa aqui no Brasil. Por conta disso salta-nos aos olhos a naturalidade com que se estaciona uma moto sobre a calçada, mesmo com a rua repleta de lugares para se parar. A criatura parece estar amarrada ao veículo e não pode sair de cima dele ou afastar-se muito; questionado normalmente diz que é só por um "minutinho". A enormidade de motos que vemos transitando na contra-mão de direção nos fazem crer que essa legião de "cachorro loucos" tem a clara intenção de tomar para eles as ruas do mundo todo, até porque quando não se sentem a vontade na contra-mão de direção sobem sobre as calçadas e lá transitam como se aquilo fosse uma faixa exclusiva. Quando esses intrépidos cavaleiros param no semáforo - quando param! - a predileção é pela faixa de pedestres sendo tomada por vários de seus pares e a acelerar sem parar, aguardando o amarelo da transversal, como se não pudessem esperar por poucos segundos a mais e partindo em desabalada carreira para provavelmente parar logo a frente. E o estado de suas ferramentas de trabalho? Vivem amassadas, sem farol, lanternas caídas e escapamento furado ou deteriorado despejando decibéis em nossos ouvidos, como se fossem esses uma latrina a lhes servir. E a vestimenta dos ditos cujos? capacete do passageiro? Naturalmente esse comportamento só reflete a educação que (não) tem a maior parte deles. Deve ser o esporte predileto deles xingar os outros cidadãos, assustar os motoristas com aceleradas e businadas, além da divertida quebra de retrovisores alheios.
O corporativismo reina nesse meio como em poucos outros, principalmente quando se trata de fazer barulho, manifestações ou mesmo hostilizar o cidadão "normal". Acho que realmente estão abusando na falta de educação e respeito quando se manifestam na sociedade, ignorando qualquer tipo de civilidade.
Vale como esclarecimento que em Ribeirão Preto, SP ao se regulamentar o serviço de Moto-Taxi, determinou-se que as motocicletas tenham um mínimo de 250 cilindradas, por uma questão de segurança do passageiro, já que muitas vezes o piloto está acima do peso normal e acaba levando um passageiro mais pesado também num veículo projetado para pouco mais de 100 kg. Isso bastou para passeatas, fechamento de ruas, fogo em pneus, etc.. Quer dizer: ninguém quer ser regulamentado, o que se quer nessa terra de desmandos é poder fazer aquilo que se quer, como se quer, quando, com quem e para que se quiser.
Em tempo: tenho uma motocicleta e a utilizo constantemente em meio ao trânsito e por pilotar de forma civilizada, posso dizer que tive um único acidente e sem nenhum arranhão em meus 34 anos de motociclista e 52 de cidadão.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Nosso Mundo confuso



Sim, não é montagem nem ilusão de ótica, é o exemplo da confusão em que estamos metidos pela nossa omissão, leniência e preguiça ou talvez seja o exato retrato de nosso parque industrial bauruense. Você vem seguindo pela SP 225, conhecida nesse trecho por Bauru-Jaú, mas oficialmente "Comandante João Ribeiro de Barros" (?) e quando passa por uma rotatória se depara com esse tipo de informação. Deve ser algum tipo de expediente para nos manter desinformados, afinal quem em sã consciência colocaria uma placa assim, indicando um distrito industrial por uma via asfaltada novinha e que em menos de 100 metros acaba numa cerca? Pior: cerca de 500 metros à frente uma nova rotatória com o mesmo desenho, mas sem placas que nos leva para dentro do referido distrito. Dizem que é fácil criticar, mas vamos e venhamos, hoje é uma obrigação, dinheiro público foi "torrado" nessas obras e quem fiscaliza?

Nos mantendo regionalmente é possível constatar que a mesma SP225 no trecho conhecido como Jaú-Ibitinga leva o nome de Engº. Paulo Nilo Romano, assim como no trecho conhecido por Bauru-Ipaussú a SP225 chama-se "João Cabral Renó" e mais em cada um desses trechos os trevos, rotatórias e demais disposivos de circulação são devidamente batizados com nomes de relevância local, mostrando a intensa atividade de nossos políticas em seus gabinetes na frenética procura por nomes a serem homenageados. Até acessos e trevos hoje são nominados, será que a forma com que os cidadãos identificam os locais de forma simples não seria o mais correto? ou será que quando alguém nos pede uma informação podemos dizer procure pelo trevo "Prefeito Dr Alfeu Fabris" e estaremos localizando-o melhor que se dissermos pegue a entrada do Centro Canavieiro em Jaú? E os viadutos? até hoje nenhum político me esplicou - como se fossem capazes de explicar algo - porque a imensa maioria de viadutos é batizado com nomes de maestros.

Não sei bem em outras cidades, mas na nossa querida Bauru a profusão de nomes de bairros, beira o delírio. Em um único cruzamento com quatro postes e oito placas com nomes de ruas conseguimos listar seis, sim seis bairros diferentes o que num país de grande densidade em analfabetos funcionais é suficiente para deixar até os frequentadores diários da região completamente desnorteados e incapazes de dar uma informação segura para alguém. Será que toda essa bagunça não seria exatamente para nos manter confusos e entretidos com essas bizarrices e sem tempo para estudarmos os movimentos dos canalhas de sempre que estão a nos preparar as surpresas de sempre? Céus! Encerro aqui e vou para minha trincheira tentar observar os passos silenciosos dessa alcatéia que nos depena...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

E Viva o Brasil!



Vejo com grandes reservas comentários, textos e demais macaquices que ficam enaltecendo nosso Brasil e essa preocupação é devido principalmente aos parâmetros estabelecidos pelo "declarante", senão vejamos:

Recebi uma verdadeira declaração de Amor pelo Brasil de uma suposta holandesa que se diz escandalizada pela forma com que nos diminuímos frente ao resto do Mundo. Começa dizendo que temos o vício de falar mal de nosso país, e que aqui é o pior país do mundo,não é um vício, é uma constatação de todo aquele com um mínimo de informação que sabe também que Cuba, Afeganistão, Haiti e tantos outros são muito piores.

Diz que na Holanda o resultado das eleições demora horrores para sair e aqui sai imediatamente. Sorte deles, nós aqui ficamos sabendo rapidinho quem nos enrolará pelos próximos anos, a referida pseudo brasilianista só não fala que lá eles não são nem obrigados a votar. Coisa muito importante: na Europa e nos EUA ninguém enrola um sanduiche no guardanapo antes de comer, faz com as mãos sujas mesmo, eu uso guardanapos quando estou por lá, e nunca fui hostilizado por isso; de toda forma eles podem aprender a qualquer tempo. Diz nossa quase compatriota que nas padarias, mercados e açougues eles te entregam os produtos sem proteção e com as mãos sujas; mentira, fiz compras por lá e nunca recebi esse tratamento. Mais uma pérola: em Londres tem um local famosíssimo que faz batatas fritas e as entrega em pedaços de jornais e tem filas enormes de espera; não duvido, mas como tem bobo para tudo... aqui encaramos filas enormes na tentiva de ganhar amendoins de graça, sendo que os macacos fazem isso há séculos. A missivista fala que na Europa e nos EUA não existem não-fumantes e se pedirmos uma mesa num restaurante o garçon rirá em nossa cara; discordo também, nunca fiz uma refeição com alguém fumando ao meu lado, nos EUA então, fumente é tratado pior que se tivesse uma doenta infecto-contagiosa. Fala também que os garçons parisienses são mau-humorados; isso é uma grande verdade, mas sempre podemos nos retirar do local e fazer uma queixa á gerência. Fiz isso e fui bem atendido em muitos outros lugares. Segundo a desvairada de plantão, em uma pesquisa entre 50 cidades o Rio de Janeiro é a mais solidária de todas; não menciona quais as outras cidades, mas acredito, afinal no Rio estamos quase em guerra civil, de um lado os morros com seus conhecidos bandidos protegidos pelos próprios moradores e de outro o pobre cidadão. Segundo uma pesquisa o Brasil é o segundo no mundo em mercado de celulares; o que prova o quão tontos nós somos. Já assisti em meu estabelecimento a entrada de pessoas que vieram juntas, falando cada um em seu celular, sentaram-se e assim continuaram por um bom tempo. Para que saíram juntos? Já fui abordado por pedintes de rua dizendo-se faminto e com o celular na cintura! O Brasil é o segundo mercado do mundo em jatos executivos e helicópteros; ora só comprova a verdade que somos o pior do mesmo mundo em distribuição de renda. Diz-nos que o mercado editorial brasileiro é maior que o da Itália; claro a Itália é muito menor que nós em população, além de que 80% de nossas publicações tem menos que 100 páginas, pouco mais que uma apostila. Constataram que temos o mais moderno sistema bancário do Mundo!; isso não é motivo de orgulho. Os bancos, é sabido, estão aí para nos depenar e não para desenvolver esse pobre país, os últimos 10-12 anos atestam isso. Nossas agências de publicidade ganham prêmios internacionais constantemente. Isso nos deixa ainda mais preocupados, afinal estão conseguindo nos enganar cada vez mais facilmente. Diz a holandesa que 70% de nossos trabalhadores são da iniciativa privada. Ora, ninguém aqui neste país quer trabalhar de empregado, como se isso fosse um demérito, uma vergonha; então o que acontece é que acaba virando ambulante e diz que é comerciante; se diz que trabalha com transporte público é mototaxista. E só para encerrar o delírio público da criatura: Apesar das mazelas estamos punindo os maus políticos, tanto que já até cassamos um presidente; não estamos punindo quase ninguém, estamos engavetando tudo, quem foi cassado é porque não fez acordo com a maioria e o resto renunciou para não perder seus direitos políticos; quanto ao presidente afastado... foi só porque não quiz dividir o resultado polpudo da pilhagem.

Não podemos ficar nos enganando e mostrando essas bobagens que se diz por aí no intuito de nos justificar. Precisamos nos fortalecer, encher o peito e enfrentar de forma enérgica esses desmandos, nossa leniência, omissão, além da ambição própria. Que me desculpem os "otimistas" declarados, mas precisamos de ação e não de "babação"

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Enfim...2008



E estamos em 2008. Nunca acreditamos que o ano anterior já acabou; temos sempre também a impressão de que cada vez passa mais rápido, mas enfim, aqui estamos e vamos fazer com que seja um ano melhor. Vamos nos esforçar, nos superar e fazer deste o melhor dos anos. Esse otimismo ou sei lá o que pode se chamar esse delírio disfarçado é o que nos move na opinião deste que aqui expõe seus sonhos. Na passagem fui ter com minhas filhas em São Paulo, capital. Morei por mais de 35 anos na megalópole tupiniquim e onde aprendi quase tudo que sei (?) em minha Vida. Trabalhei muito, estudei bastante, me diverti e tenho grandes lembranças da Capital mas, como fico Feliz em ser "do interior". O grau de ansiedade manifestado pelo paulistano praticante é algo marcante já que só quem está afastado de seu cotidiano pode perceber com riqueza de detalhes. Moram lá: meus pais, irmãs, cunhados, sobrinhos... amo muito a todos, mas como gostaria de vê-los bem, é bem de saúde, com qualidade de Vida. Por sorte foram passar o reveillon em um hotel fazenda deixando-nos, eu e a Ellen, muito à vontade em suas casas para apreciarmos a virada com seus quase permanente fogos de artificio que pareciam nunca cessar. E isso parece ser um capítulo a parte dos dias atuais já que nem só de fogos se faz barulho e em todas as comemorações e manifestações crepusculares de 2007 o que se via era muito ruído. Ruído de música, algazarra, trio elétrico e fogos! Tenho a impressão que o ser humano não consegue mais se expressar de forma serena. Ele tem a necessidade de chamar a atenção e se integrar àquele evento final-inicial e a única arma que consegue lançar mão de seu paiol individual é o barulho provocado por ele.
Depois de toda essa rabugice devo confessar que no íntimo esse tal 2008 será sim um Grande Ano e nós o faremos assim. É chegada a hora da mudança interior que nos fará melhores, mais humanos e está acontecendo todo o tempo como um ônibus circular que te dá infinitas possibilidades de embarcar numa viagem para te levar a um destino certo e quando voltamos ao ponto de partida este inexoravelmente estará mudado, terá evoluído. O que precisamos e nos encher de coragem e nos lançar a essa viagem que nos surpreenderá pela quantidade de seres com o mesmo objetivo dando força a si mesmos e fazendo Evoluir o Universo.